Acertar as manobras mais difíceis, ter o estilo mais louco, usar um boné com aba reta por cima da orelha, ou ser punk? Qual é a verdade do skate? O que é ser skatista? Essa é uma pergunta que me persegue desde os primórdios do skate.
De todos da minha geração, lá do comecinho, (faço referência ao meu começo, pois antes de mim existiram muitos outros) restaram muito poucos.
Nesse meio tempo presenciei promessas, caras que acertavam “manobras da moda” com facilidade, que entraram no mundo do skate como “fenômenos”, e exatamente como começaram, pararam de andar. Motivos? Muitos... Consistentes? A maioria com certeza não. Você já deve ter passado pela experiência de conhecer um desses.
Skate é para poucos, essa é a verdade absoluta... Um tênis da moda, uma calça diferente ou um boné, não fazem um skatista, nem muito menos o quanto ele anda. Isso tudo é apenas visual, é como aquela marca que surge derrepente e está falida um ou dois anos depois. Não existe alma, e sem alma, nada é verdadeiro...
Talvez a persistência seja o grande valor de um skatista, tentar, tentar, tentar, se arrebentar e voltar a tentar novamente. Isso vale tanto para uma manobra técnica ou aquele pico que te deixa com “sangue nos olhos”, quanto para ser skatista.
Ser skatista, envolve tentativas diárias durante toda a vida, com chuva, sol, tempestades ou com o mundo em caos. Ser skatista engloba muito mais coisas do que acertar “aquela manobra” ou o quanto se anda. É muito mais do que isso...
Você tem que driblar pais, amigos, sociedade, e o seu próprio envelhecimento. Quando começa a se ter algumas cobranças que não “combinam” com uma calça larga e a cueca aparecendo, quando uma aparência séria e “responsabilidades” são quase uma obrigação e começam a tomar o tempo que antes era reservado ao skate. Quando isso começa a acontecer, é quando a maioria assinala o fim de jogo...
É fácil ser skatista com 16, 17 ou 18 anos, viagens todo final de semana, skate todo dia, poucas ou quase nenhuma preocupação. Mas quando se beira os 30, com família, trabalho, e ocupações normais a qualquer ser humano, aí é que se distingue o “skatista” do skater, e nesse ponto da vida persistência é a palavra chave, persistência...
Andar de skate por amor no seu mais puro sentido. Campeonatos são indispensáveis para o crescimento do esporte, mas “andar por andar” é a essência. Palavra essa esquecida por alguns e nem ao menos conhecida por outros, que pensam apenas em competir, ganhar, ter algum tipo de lucro com o skate, esquecendo-se que o verdadeiro lucro do skate é a satisfação pessoal que se trás para casa depois de uma boa sessão.
Ser skatista de verdade, talvez seja a medida da intensidade com que persistimos deslizar por esse mundo sobre as quatro rodinhas...
Persistência...
Skate e paz!
Por: Deivis (Sem jogo, apenas skate...).